domingo, 13 de outubro de 2019

Meus Artigos - TENHAS SEMPRE BOM ÂNIMO



TENHAS SEMPRE BOM ÂNIMO

            O apostolo Bartolomeu foi um dos mais dedicados discípulos do Cristo, desde os primeiros tempos de suas pregações, junto ao Tiberíades. Todas as suas possibilidades eram empregadas em acompanhar o Mestre, na sua tarefa divina. Entretanto, Bartolomeu era triste e, vezes inúmeras, o Senhor o surpreendia em meditações profundas e dolorosas.
            Foi, talvez, por isso que, uma noite, enquanto Simão Pedro e sua família se entregavam a inadiáveis afazeres domésticos, Jesus aproveitou alguns instantes para lhe falar mais demoradamente ao coração.
            Após uma interrogativa afetuosa e fraternal, Bartolomeu deixou falasse o seu espirito sensível.
            - Mestre – exclamou, timidamente -, não saberia nunca explicar-vos o porque de minhas tristezas. Só sei dizer que o vosso Evangelho me enche de esperanças. – Por toda parte, é a vitória do crime, o jogo das ambições, a colheita dos desenganos!...
            - A nossa doutrina, entretanto, é a do Evangelho ou da Boa Nova e já viste, Bartolomeu, uma boa noticia não produzir alegria? 
            Depois de uma pausa, em que o discípulo o contemplava silencioso, o Mestre continuou:
            - A vida terrestre é uma estrada pedregosa, que conduz aos braços amorosos de Deus. O trabalho é a marcha. A luta comum é a caminhada de cada dia. Os instantes deliciosos da manha e as horas noturnas de serenidade são os pontos de repouso; mas, ouve-me bem: Na hora, de uma leve ação, de uma palavra humilde, é o convite de nosso Pai para que semeemos as suas bênçãos sacrossantas. 
            - Mestre, os vossos esclarecimentos dissipam os meus pesares; mas o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente?
            - A verdade não exige: transforma. É preciso considerar que a alegria, a coragem e a esperança devem ser traços constantes de suas atividades em cada dia.
            - E quando os negócios do mundo nos são adversos? E quando tudo parece em luta contra nós? – perguntou o pescador, de olhar inquieto.
            - Qual o melhor negocio do mundo, Bartolomeu? Será a aventura que se efetua a peso de ouro, muita vez amordaçando-se o coração e a consciência, para aumentar as preocupações da vida material, ou a iluminação definitiva da alma para Deus, que se realiza tão-só pela boa-vontade do homem? Não será a adversidade nos negócios do mundo um convite amigo para a criatura semear com mais amor, um apelo indireto que a arranque as ilusões da Terra para as verdades do reino de Deus?
            - Mestre: não será justificável a tristeza quando perdemos um ente amado?
            - Mas, quem estará perdido, se Deus é o Pai de todos nós? A morte do corpo abre as portas de um mundo novo para a alma.
        Bartolomeu começou a recordar as razões de suas tristezas intraduzíveis, mas, com surpresa, não mais as encontrou no coração. Lembrava-se de haver perdido a afetuosa genitora; refletiu, porem, com mais amplitude quanto aos desígnios da Providência Divina. Recordou os contratempos da vida e ponderou que seus irmãos pelo sangue o aborreciam e caluniavam. Entretanto, Jesus não lhe era um irmão generoso e sincero? Passou em revista os insucessos materiais. Contudo, que eram as suas pescarias ou a avareza dos negociantes de Betsaida e de Cafarnaum, comparados à luz do reino de Deus, que ele trabalhava por edificar no coração?
            Enviando a Jesus um olhar de amor e reconhecimento, Bartolomeu limpou uma lagrima. Era a primeira vez que chorava de alegria. O pescador de Dalmanuta aderira, para sempre, aos eternos júbilos do Evangelho do Reino.
            Ano novo, oportunidades renovadas no calendário humano. Que esta pequena narrativa de Bartolomeu, contida na obra mediúnica “Boa Nova”, através do Espirito Humberto de Campos e psicografia de Chico Xavier, sirva de inspiração para pautar os nossos dias de exuberante “bom animo”.
Rubens Araujo






            



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